05 outubro, 2007

Aqarru - Uma resistência da Memória




Uma das coisas mais deliciosas que ouvi nos últimos dias diz respeito ao figo, fruto tradicionalmente associado ao sul da Europa e norte de Africa. Aqarru é o nome que se dá ao figo em tamazight, língua do povo berbere originário das montanhas do Atlas no norte de Marrocos, e também expressão usada pelos povos rurais da margem esquerda do Guadiana relativamente ao comportamento das ovelhas quando acabam de pastar e se juntam todas à sombra de uma árvore. Então as ovelhas estão no aqarru ou aqarradas.
Ora, se os povos islâmicos que colonizaram o território hoje português seriam na sua maioria berberes do norte de África, pode pensar-se que à margem das respectivas evoluções linguísticas, permaneceu como referente na expressão utilizada naquelas aldeias alentejanas, a ideia de sombra herdada das populações que anteriormente habitaram os mesmos locais, visto que de acordo com as espécies arbóreas existentes, a sombra da figueira seria certamente a mais fresca.
É também este tipo de património imaterial que constitui uma das mais valiosas riquezas da nossa cultura (s) e que merece ser preservado e divulgado, por exemplo pela realização de recolhas orais como base de investigações antropológicas junto de determinadas comunidades locais que devem ser entendidas como fontes inesgotáveis de saber.

03 outubro, 2007

Forno de Cal













Um magnífico forno de cal com que me deparei na aldeia de Porto Nobre nos arredores de Querença. Embora sejam visíveis na região outros vestígios relacionados com este tipo de actividade, este exemplar destaca-se pelo seu bom estado de conservação parecendo mesmo que está pronto a funcionar. Trata-se de um monumento do património cultural de Querença que deve ser preservado como uma referência das memória(s), tradições e das identidade(s).