26 março, 2007

Aspectos de Chefchaouen







Numa rua da medina de Chefchaouen pode ver-se o desenho de um pentalfa numa das portas andaluzas, símbolo geralmente usado pelos muçulmanos para afastar o mau-olhado, ou mesmo exorcizar demónios. Nesta função pode ser pintado nas portas das casas (elemento mais importante da fachada da habitação muçulmana) ou inciso em madeira, como por exemplo nos batentes das portas, soleiras e porteiras.
Chefchaouen foi fundada em 1471 por shorfas edrícias descendentes do profeta Maomé como um baluarte na luta contra os portugueses. Situa-se no norte de Marrocos a cerca de 40 km de Tetuan e aproximadamente 60 km da fronteira com Ceuta, ergue-se no interior da serra, entre duas montanhas, os chifres, ech e chaou, de onde deriva o seu nome. A “cidade branca” ou “pomba branca” como é conhecida, estando consideravelmente afastada das características próprias de uma terra do litoral, e sobretudo devido ao facto de ter estado fechada a estrangeiros desde 1920 conserva, pelo menos no interior da antiga medina, um ambiente tradicional que pode traduzir-se não só no símbolo retratado que é visível em diversas habitações, como ao nível da arquitectura da medina, de ruas estreitas e íngremes com edifícios caiados de branco e indigo, sendo que as tintas usadas neste tom de azul têm como componentes elementos que ajudam a proteger as casas tanto do calor excessivo como dos insectos. O estilo construtivo das casas tem muitas influências andaluzas devido à emigração de judeus muçulmanos de Granada quando os Reis católicos de Espanha conquistaram aquele reino.
Fruto de ligações históricas antigas, existem ainda hoje muitas semelhanças entre o sul da Península e o norte de África, formando em determinados aspectos unidades de coesão mais fortes do que entre o norte e o sul da Península e o norte e o sul de Marrocos devido a uma mesma linguagem mediterranica. A título de curiosidade, podemos constatar que existem ainda hoje vestígios como o pentalfa no nosso território.

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