11 julho, 2007

Calçada à Portuguesa




O mosaico português ou calçada portuguesa tal como hoje observamos um pouco por todas as regiões do país, foi aplicado pela primeira vez em Lisboa no ano de 1848, no pavimento da placa interior do Rossio após a construção pombalina. Entre 1880 e 1889 onde foi novamente utilizado na Avenida da Liberdade, generalizou-se pelo país chegando inclusive ao Brasil, Madeira, Açores e Macau, constituindo elementos decorativos de praças, largos e jardins contribuindo para os valorizar, compondo diversos motivos sugestivos conforme a inspiração do lugar.
A calçada portuguesa será uma derivação oitocentista de via romana próxima de uma técnica, opus sectile, que utilizava pedras e mármores talhados geometricamente ou recortados consoante as figurações.
Neste tipo de trabalhos de calçada faz-se um desenho prévio que é transposto na escala da respectiva aplicação para molde de madeira que é colocado no passeio alguns centímetros abaixo do nível. Depois de colocada a pedra no molde, cobre-se de areão e cal viva, posteriormente retira-se o molde, espalha-se uma camada de areia e rega-se, com um cilindro pisa-se o empedrado para o nivelar e ajustar.
A pedra é aparelhada na palma da mão pelos artesãos que formam tesselas, rectângulos, triângulos e outros fragmentos irregulares conforme as necessidades de preenchimento de cada desenho, compondo-se de determinadas cores variáveis conforme a facilidade de arranjar determinadas pedras.
Quanto ao motivo dos desenhos podem ser evocativos de situações históricas ou de memória local, pretexto de alguma informação citadina, ou simples motivos vegetalistas, naturalistas ou geométricos. Dentro destes complexos de desenhos abstractos também é visível o geometrismo de matriz muçulmana equivalente ao padrão de azulejos, que se compõem dum enxaquetado de quadrados com ângulos no sentido axial, hexágonos e formas estrelares concêntricas. Estes fazem lembrar os zelliges que ornamentam as casas marroquinas, mosaicos de composições complexas que podem ser, por exemplo, motivos geométricos entrelaçados irradiando de uma estrela central, a “teia de aranha do Profeta”, ornamentos de carácter vegetal constituídos por flores entrelaçadas ou favos de abelha. Nestes mosaicos são utilizados pedaços de cerâmica partida para criar desenhos geométricos conforme as intenções do artista. Os painéis são compostos no solo em cima de uma tábua virada ao contrário antes de serem aplicados na parede.
Em Loulé é utilizada a calçada com ou sem ornamentação em todo o centro histórico assim como nas ruas mais centrais e movimentadas das cidades. Os desenhos são feitos com pedra escura que sobressai do fundo claro, os motivos são normalmente de cariz naturalista e vegetalista. Noutras localidades, como por exemplo em Quarteira, calçadas mais recentes podem ver-se com motivos que remetem para as realidades locais, como o desenho de peixes em calçadas junto ao mar.
Este trabalho de calçada à portuguesa deve ser visto como uma mais valia do ponto de vista urbanístico em cada localidade, pois este tipo de pavimento além de embelezar, confere continuidade e conexão ao espaço público, acentuando a sua identidade. Havendo cada vez menos artesãos especializados, a calçada à portuguesa é um valor patrimonial a preservar urgentemente.

3 comentários:

Alexis disse...

Gostei muito de ler, assim como gosto da nossa calçada.
um beijo.

Rafael Carvalho disse...

Para ilustrar um dos meus posts, pedi emprestada uma das suas imagens de calçada Portuguesa.
Parabéns pelo seu excelente blogue.
Cumprimentos,
Rafael Carvalho

ROC2C disse...

ola muitos parabens pelo blog, e por divulgar a História e cultura de Portugal,o Algarvesendo uma das mais ricas regiões em patrimonio e a grande herança cultural deixada pelos árabes. A calçada Portuguesa ( portuguese pavement) é uma arte que devemos preservar e dar a conhecer a todo o mundo.

Ja agora veja alguns dos nossos trabalhos,

roc2c.blogspot.com

Roc2c
Art - Portuguese Pavement - Natural Stone