Naquela colina elevada, na margem do Arade ergue-se a cidade de Silves, reconhecível na cor inconfundível do grés vermelho das suas muralhas e da Sé. A forma poligonal das muralhas, assim como a imponência das suas torres albarrãs ainda nos conseguem sugerir as antigas alcáçova e medina islâmica, lembrando aquela que foi, entre o séc.X e o séc. XIII, uma das mais importantes cidades do Gharb, constituindo na época uma referência cultural e religiosa.
O outro ponto identificativo da cidade é a Sé Catedral, que segundo alguns autores, estará construída sensivelmente no local da “Mesquita Maior” da antiga Xelb que teria sido purificada e sagrada por ordem de D. Sancho I na altura da primeira conquista. O templo terá sido novamente transformado, dois anos depois, quando a cidade retornou ao domínio islâmico, sendo a Sé gótica construída posteriormente após a reconquista definitiva e identificação com o reino de Portugal.
Mas o elemento fundamental desta fotografia será o rio na sua beleza e grandiosidade, que deve ser olhado e “devolvido” à cidade. Na história de imponência que Silves já teve, nomeadamente no período islâmico, foi do Arade que se alimentou, foi ele que directamente influenciou a sua construção e crescimento. O rio Arade era a grande via de comunicação, cuja navegabilidade transformava Silves numa “cidade do litoral”, numa importante cidade mediterrânica, com tudo o que significa ao nível do encontro, cruzamento e miscigenação de culturas, religiões e modos de vida. Tornou-se a chave da prosperidade na medida em que também contribuio para o usufruto de bons solos para a produção agricula.
Uma imagem da cidade onde se vê dois dos seus símbolos, o castelo e a Sé, deve igualmente revelar o rio, pois a história de Silves é indissociável da história do Arade.
O local onde me encontro ao fotografar é denominado Atalaia, topónimo que deriva, provavelmente, da existência de uma pequena fortificação - torre atalaia – dependente da cidade cuja referência persistirá ainda na memória toponímica da região e que para além do carácter defensivo, poderia ter funcionado como farol auxiliar na navegação de cabotagem. Na minha opinião este é um dos melhores locais para ver a cidade e olhar o rio, tanto pela sua beleza, como pela leitura que proporciona, sendo também uma vista semelhante a que tinham a maioria dos visitantes ao se aproximarem da cidade.
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