“Na hora do adeus, o corvo as asas vi bater
E julguei que no voar levava o meu coração.
Só ele foi alegre naquele entardecer,
e não falso ao mostrar luto então.”
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24 agosto, 2007
Al – Kuthayyir, uma despedida…
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31 julho, 2007
Al - Kuthayyir, um "louletano" do séc. XIII
“O que me dá prazer não é o vinho, não!
nem a música, nem o canto.
Apenas o estudo é o meu encanto,
e a pena, qual espada sempre à mão.”
Abu – L – Rabi Sulayman ibn’ Isa al – Kuthayyir que terá vivido na al`- ‘Ullyã do séc. XIII foi um dos vários poetas luso – árabes cujo legado enriquece a nossa cultura tanto ao nível do literário como do espiritual.
Este pequeno poema parece remeter, segundo os estudos de Adalberto Alves, para o ideal da cavalaria espiritual, uma das vias do sufismo. Esta via do pensamento sufi persupõe um esforço intelectual com vista ao aperfeiçoamento espiritual para uma aproximação de Deus. A espada simboliza o poder do intelecto na polaridade paz/guerra que se traduz numa batalha interior.
Al – Kuthayyir atingiu alguma fama enquanto literato tendo vivido em Sevilha e depois em Bugia. Provavelmente devido a alguma critica nos seus escritos direccionada a elementos com poder na sociedade, foi açoitado e espancado em praça pública e depois expulso para além mar, onde se estabeleceu em Minorca.
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23 julho, 2007
A Mesquita em Al' - 'Ullyã
É certo que a antiga Al’ – ‘Ullyã foi urbe de considerável importância durante o domínio árabe do Gharb, nomeadamente no período alomôada quando se tornou Medina. Como qualquer cidade islâmica tinha a sua mesquita que se acredita corresponder ao edifício da actual igreja matriz. Embora não exista ainda comprovação científica desta teoria que só seria possível com a realização de intervenções arqueológicas, esta hipótese parece sustentar-se em alguns argumentos sólidos.
À partida o que se evidencia na observação da igreja é a sua torre sineira, o que constitui primeiro ponto de ligação com esta hipótese. Embora sejam visíveis na torre diferentes fases de construção (sobretudo no que respeita ao seu coroamento superior) o seu embasamento denuncia, na forma de organização da silharia, uma tradição construtiva antiga que se assemelha na técnica de montagem, à de um minarete. Assim, a torre sineira da matriz de Loulé seria um dos poucos minaretes que efectivamente ainda existem em território português. Por outro lado, a orientação da torre, assim como as suas dimensões, relativamente à igreja e a própria orientação interna do templo que escapam aos cânones construtivos das igrejas cristãs e remetem mais uma vez para a orientação do templo muçulmano.
Observando a igreja e reconstituindo a sua planta ao nível do arranque das janelas, isto é despojando-nos daquilo que é acrescento e modificação térrea ao longo dos tempos, encontramos o eixo de orientação sul/sudoeste correspondente à direcção de Meca, essencial numa mesquita. Esta planta teria uma forma quadrada com o tramo central mais largo evidenciando o mihrab na parede da quibla, a chamada planta em T, característica também essencial numa mesquita, à semelhança do que acontece na matriz de Mértola que seria também a antiga mesquita do povoado islâmico.
Outras características construtivas que remetem para o séc. XIII são, por exemplo, os vestígios de um arco em ferradura na nave principal ao nível do clerestório, ou os capitéis, que parecem datar do séc. XIII e XIV. Embora a decoração vegetalista possa ser atribuível tanto a fábrica islâmica como cristã, alguns destes capitéis podem ser islâmicos ou compostos de reaproveitamentos islâmicos.
A transformação de mesquitas muçulmanas em igrejas cristãs foi uma prática corrente durante a “reconquista”, simbolizando, no poder instituído, a passagem do Islão para a cristandade em cada cidade, constituindo até, tarefa relativamente fácil. Neste caso teria sido mudada a orientação do templo, fechado aberturas, aberto a porta de entrada da igreja e localizado o altar-mor à sua frente.
A exploração por parte da autarquia da imagem da Igreja de São Clemente associada à antiga mesquita seria uma mais valia para promover a cidade em termos turísticos e culturais.
À partida o que se evidencia na observação da igreja é a sua torre sineira, o que constitui primeiro ponto de ligação com esta hipótese. Embora sejam visíveis na torre diferentes fases de construção (sobretudo no que respeita ao seu coroamento superior) o seu embasamento denuncia, na forma de organização da silharia, uma tradição construtiva antiga que se assemelha na técnica de montagem, à de um minarete. Assim, a torre sineira da matriz de Loulé seria um dos poucos minaretes que efectivamente ainda existem em território português. Por outro lado, a orientação da torre, assim como as suas dimensões, relativamente à igreja e a própria orientação interna do templo que escapam aos cânones construtivos das igrejas cristãs e remetem mais uma vez para a orientação do templo muçulmano.
Observando a igreja e reconstituindo a sua planta ao nível do arranque das janelas, isto é despojando-nos daquilo que é acrescento e modificação térrea ao longo dos tempos, encontramos o eixo de orientação sul/sudoeste correspondente à direcção de Meca, essencial numa mesquita. Esta planta teria uma forma quadrada com o tramo central mais largo evidenciando o mihrab na parede da quibla, a chamada planta em T, característica também essencial numa mesquita, à semelhança do que acontece na matriz de Mértola que seria também a antiga mesquita do povoado islâmico.
Outras características construtivas que remetem para o séc. XIII são, por exemplo, os vestígios de um arco em ferradura na nave principal ao nível do clerestório, ou os capitéis, que parecem datar do séc. XIII e XIV. Embora a decoração vegetalista possa ser atribuível tanto a fábrica islâmica como cristã, alguns destes capitéis podem ser islâmicos ou compostos de reaproveitamentos islâmicos.
A transformação de mesquitas muçulmanas em igrejas cristãs foi uma prática corrente durante a “reconquista”, simbolizando, no poder instituído, a passagem do Islão para a cristandade em cada cidade, constituindo até, tarefa relativamente fácil. Neste caso teria sido mudada a orientação do templo, fechado aberturas, aberto a porta de entrada da igreja e localizado o altar-mor à sua frente.
A exploração por parte da autarquia da imagem da Igreja de São Clemente associada à antiga mesquita seria uma mais valia para promover a cidade em termos turísticos e culturais.
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23 maio, 2007
Al-'Ulyã - O nome árabe de Loulé
Recentemente foi publicado um trabalho que pretende evocar “A Viagem de Ibn Ammâr se São Brás a Silves, feita por aquele poeta, político e cortesão “algarvio” no século XIII. Esta reconstituição histórica é feita sobre três abordagens de estudo, tais como, a história das fontes árabes, a geografia histórica e a toponímia dos diversos locais de passagem de Ibn Ammâr. Neste ultimo capítulo da responsabilidade de Maria Alice Fernandes, docente da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, pode ver-se a tentativa de reconstituição toponímica de Loulé, com uma proposta que não sendo nova e directamente da autora, é apresentada de forma muito mais clara e consistente relativamente aquela que desde há algum tempo se tem assumido como “oficialmente” aceite. Assim, autores de renome como David Lopes, seguido por Garcia Domingues e José Pedro Machado identificaram o topónimo com uma origem árabe que se radica em significados que remetem para altura, como elevação, colina ou outeiro, donde as formas atestadas no árabe Al-‘Ulyã e Al-‘Ulya teriam evoluído até à forma actual Loulé.
No entanto, para além das reconstituições etimológicas feitas pelos três autores serem diferentes, embora desembocando no mesmo resultado, parecem também ignorar o facto da evolução do topónimo apresentar uma dinâmica evolutiva divergente da de outros topónimos andaluzes aos quais se atribui a mesma origem árabe e que preservam a mesma estrutura e acentuação etimológica. Desta forma, propõe-se que a filiação do termo Loulé esteja no híbrido moçárabe al-olea, ou seja, a oliveira, teoria de Adel Sidarus e posteriormente difundida por Luís Fraga da Silva, na medida em que as propostas anteriormente aceites são de certa forma inadequadas à topografia do terreno onde se situa a cidade. Este pressuposto torna-se ainda mais viável devido à dominância daquela espécie arbórea na campina de Loulé, ajustando-se à paisagem agro-vegetal desde a época romana. A etimologia latina referida explica a divergência mencionada entre o topónimo algarvio e outros topónimos andaluzes. Argumenta-se ainda com a visível afinidade formal entre os topónimos Loulé e Momprolé, nome de um lugar vizinho cuja sintaxe é pré-arabe e que a etimologia sendo do latim vulgar tardio, significaria monte pro Olia, isto é monte dianteiro ao olival.
O nome latino olea tem continuidade atestada no romance moçarabe designando o nome da árvore e, por extensão semântica, poderia vir a designar o colectivo, segundo a autora, que procura descrever a evolução do termo desta forma:
- Do latim clássico olea, teríamos no latim vulgar olía, que está atestado como moçarabismo donde derivaria o corónimo Olía designando Olival. A este corónimo teria sido adicionado como prefixo o artigo árabe al, formando al-Olía que evoluiria, segundo os sistemas de evolução linguística verificados para esta fase, para Aloliá, seguidamente para Aloljá / Aloljé, e posteriormente com a queda da vogal inicial e a redução do ditongo final teríamos, Lole / Lolé, atestação latina de finais do século XII e a portuguesa medieval Loule, ainda durante o domínio islâmico.
A autora do trabalho acima referido apresenta dados extra-linguísticos que parecem comprovar a viabilidade da tese, como por exemplo, a existência na madinat Al-‘Ulyã de uma forte comunidade moçárabe, que explicaria esta evolução do topónimo, revelada, tanto na estrutura mista do cemitério urbano como na dedicação da mesquita posteriormente cristianizada ao santo moçárabe S. Clemente.
Esta proposta da derivação do nome da cidade de Loulé parece tanto mais interessante como consistente, uma vez que é suportada por fortes argumentos histórico linguísticos, como também por factores que remetem para a realidade Sociocultural da cidade na (s) época (s) em causa assim como a sua integração na paisagem e ambiente envolventes. Factores estes que são imprescindíveis para uma tentativa de reconstituição histórica visto fornecerem, directa ou indirectamente, informações que o investigador não encontrará noutras fontes ditas tradicionais, devendo ser o estudo da história entendido como uma tarefa pluridisciplinar.
A título de curiosidade informo que os outros dois autores de “A Viagem de Ibn Ammâr de São Brás a Silves”, são Abdallah Khawli e Luís Fraga da Silva. A publicação da obra esteve a cargo da Camâra Municipal de São Brás de Alportel e corresponde, a uma comunicação apresentada pelos 3 autores nas I Jornadas “As Vias do Algarve, da época romana à actualidade”.
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